DEPRESSÃO: TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

Em Depressão com “D” maiúsculo, vimos que a doença é de natureza distinta da tristeza ou do desânimo que todos sentimos em momentos da vida. Em Depressão: como a família pode ajudar, enfatizamos que a doença não se cura tão somente com força de vontade; há necessidade de um tratamento específico. Agui abordamos alguns aspectos práticos relacionados ao tratamento com medicamentos antidepressivos.

ANTIDEPRESSIVOS SÃO PERIGOSOS?

Quando os sintomas da Depressão não são intensos, quando são ligados (em sua origem ou manutenção) a situações de mudança, de perda recente ou de conflito, quando sua duração não é excessiva, recomenda-se a psicoterapia, dispensando-se o uso de medicamentos. Em casos mais graves, os antidepressivos são imprescindíveis. Se a Depressão ocorrer num contexto de fases/instabilidades de humor, será necessário um estabilizador de humor.

ALGUMAS DE SUAS DÚVIDAS EM RELAÇÃO AO TRATAMENTO COM ANTIDEPRESSIVOS PODEM SER ESCLARECIDAS AQUI.


Para algumas pessoas, a medicação psiquiátrica é cercada de temores e preconceitos. Não é fácil aceitá-la:


“Tenho medo desses remédios de psiquiatra, uma tia minha ficou totalmente dependente deles... E tem outra coisa, queria melhorar por mim mesma, não gosto da idéia de que é um remédio que vai me transformar, sei lá... tipo assim... em outra pessoa.”

Antidepressivos são usados desde a década de 1950. As formulações mais recentes são seguras e com menos efeitos colaterais. Não causam dependência e não “tiram o controle”da pessoa. Seu mecanismo de ação relaciona-se ao aumento da disponibilidade de neurotransmissores, entre os quais a serotonina, a noradrenalina e a dopamina, substâncias que modulam a comunicação entre os neurônios e, em conseqüência, o humor. Com a melhora do humor, a pessoa volta a se sentir segura para tomar decisões.


FASES DO TRATAMENTO

Na figura abaixo, uma linha contínua representa a gravidade dos sintomas ao longo do tempo, e, didaticamente, o tratamento medicamentoso da Depressão pode ser dividido em três fases:
    



 











1. Aguda.  Geralmente inicia-se com meia dose do antidepressivo por 4-6 dias, a fim de evitar desconforto na adaptação (há pessoas com baixa tolerância aos raros efeitos adversos: náusea, sonolência, inquietude, insônia). É preferível tomar a medicação logo após se alimentar. Antidepressivos mais ativadores são usadas de manhã (ex.: fluoxetina, venlafaxina); os mais sedativos, à noite (ex.: mirtazapina). Se o medicamento provocar mal-estar ou surgimento de pensamentos negativos, incluindo idéias de morte, comunique-se com seu médico.

Aproximadamente dois terços das pessoas respondem ao primeiro antidepressivo prescrito. Espera-se alguma melhora após duas semanas (esse é um tempo médio, variável). Por isso, é preciso ter paciência, não alterar as doses prescritas, nem interromper o medicamento precocemente. Nessa fase, pode haver ajustes nos horários e doses e, ocasionalmente, uso temporário de medicação para acalmar ou dormir.

2. Continuação.  Segundo o esboçado na figura, com a melhora, a meta é chegar à remissão dos sintomas (volta ao normal). É quando muita gente decide parar o medicamento  “porque afinal já estou bem”, ou para fazer um teste e verificar “se melhorei mesmo...”. Nada mais enganoso: há risco considerável de recaída. Outra causa de interrupção do tratamento é o surgimento de efeitos colaterais. Nessa eventualidade, é melhor comunicar-se com seu médico e tomar uma decisão mais ponderada.

A fim de evitar a volta da Depressão, é preciso manter medicamento e dose por um mínimo de 6 meses. Além do risco de recaída, parar a medicação abruptamente pode causar mal-estar, inquietude, tontura, náusea, insônia. É necessário monitorar e ajustar o esquema terapêutico, por isso compareça às consultas, conforme recomendado. Se for tomar outros medicamentos, em casos de gravidez,  ou de cirurgias, avise o médico.

3. Manutenção. Às vezes o antidepressivo deve ser mantido por períodos mais longos. Sabe-se que após dois episódios de Depressão, há 80% de chance vir um terceiro. Novos episódios tendem a ser mais graves e mais longos. Por isso, em alguns casos, há necessidade de manter o medicamento, em caráter preventivo, a fim de evitar novas fases da doença (recidivas).


EFEITOS ADVERSOS

Há vários tipos de antidepressivos disponíveis no Brasil. A escolha de um deles leva em conta detalhes do quadro sintomatológico e da personalidade, doenças que a pessoa tenha e a possibilidade de interação com outros medicamentos que esteja tomando, o perfil de efeitos adversos, o custo do tratamento, bem como o histórico de resposta a diferentes classes de antidepressivos.

Dentre os efeitos adversos, destacamos alguns, quer pela frequência, quer pela gravidade:

*      Náusea e alterações do apetite (pra mais ou pra menos)

*      Ansiedade, inquietude e insônia

*      Aumento de peso

*      Diminuição do desejo sexual e dificuldade para alcançar o orgasmo

*      Euforia excessiva ou pensamentos estranhos (incluindo idéias de morte)

*      Distúrbio na coagulação do sangue
De modo geral, os antidepressivos desenvolvidos mais recentemente causam menos efeitos adversos. Quando surgem, na maioria das vezes melhoram logo ou são contornáveis.  Às vezes, algum efeito mais desagradável acaba prejudicando, mesmo impedindo, a continuidade do tratamento. Nessa eventualidade, troque idéias com seu médico. A Depressão é uma condição grave, que pode se cronificar e levar a outras doenças. Para melhorar, é preciso tratamento adequado. Não abandone o tratamento!


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