Pode-se considerar que uma Depressão é “resistente ao tratamento”
quando não há melhora após o uso de duas
classes diferentes de antidepressivos, utilizados em dose e tempo (4 a 6
semanas) adequados.
Formas crônicas de Depressão, com duração maior do que dois
anos, tendem a ser mais resistentes ao tratamento. No entanto, antes de
concluir que uma depressão é “resistente”, é preciso verificar se, na
realidade, a falha terapêutica não decorreu da prescrição ou do uso inadequados
da medicação. O diagnóstico errôneo ou incompleto também deve ser considerado
na tentativa de explicar a cronicidade e falta de melhora.
“NENHUM MEDICAMENTO FOI BOM PRA MIM...”
“Perdi a conta de quantos psiquiatras já consultei... Já tomei de tudo... [mostra uma lista que contém a maioria dos antidepressivos disponíveis]. O último médico disse que não tinha mais jeito, que não havia mais remédio pra mim. Estou desesperada, essa é a minha última tentativa.”
Para concluir que nenhum antidepressivo foi eficaz, temos que responder afirmativamente às quatro perguntas seguintes, o que geralmente é difícil de acontecer:
- Para cada medicamento tentado, chegou-se à dose máxima recomendada?
- Nessa dose, o medicamento foi mantido por, no mínimo, 4 a 6 semanas?
- O medicamento usado era de boa procedência?
- Foi tomado regularmente, como prescrito?
Pode
ser, então, que o médico lhe recomende um antidepressivo já tentado no passado,
mas que não foi usado em dose e tempo adequados. É possível, também, que se
decida chegar a doses um pouco acima das usuais, uma vez que em determinada
parcela da população (“metabolizadores rápidos”), os medicamentos são eliminados
mais rapidamente, o que acaba reduzindo sua concentração e ação no
organismo.
“O QUE EU
TENHO É SÓ DEPRESSÃO, MESMO?!”
Essa dúvida assalta a maioria das pessoas que sofrem de
Depressão, mesmo porque não existem exames laboratorias ou de imagem cerebral comprobatórios.
O diagnóstico é clínico e segue critérios bem estabelecidos . No caso
da Depressão prolongada, essa é uma boa pergunta, com relevância clínica
digamos, uma vez que o diagnóstico errôneo, ou incompleto, pode levar à cronificação e à impressão
equivocada de “resistência” ao tratamento.
É importante definir o tipo de Depressão (unipolar, bipolar,
psicótica, ansiosa, atípica, secundária a microangiopatia ou a outros transtornos
cerebrais...). Veja, por exemplo, que o diagnóstico de transtorno do humor bipolar pode ser
aventado se houver: familiar com essa doença, episódios de elevação do humor
induzidos por antidepressivos, recorrências frequentes, início ou término
relativamente agudo dos sintomas. Nesse caso, o diagnóstico de uma fase depressiva do transtorno bipolar ("depressão bipolar") implicaria mudança na estratégia terapêutica.
Alguns fatores que costumam precipitar ou agravar a
Depressão também podem impedir-lhe a melhora, como por exemplo, abuso ou
dependência de álcool, medicamentos (interferon, hormônios, corticóides), hipotireoidismo,
Parkinson, acidente vascular cerebral, dor crônica, ansiedade, certos traços de
personalidade, dificuldades de relacionamento interpessoal, conflitos na
família, estresse crônico, problemas no trabalho. Para lidar com alguns desses fatores pode ser
preciso contar com a colaboração de outros profissionais, incluindo
a necessidade de uma psicoterapia concomitante aos medicamentos.
CONCLUINDO...
O tratamento adequado da Depressão que se prolonga por meses
requer:
- A obtenção de um conjunto de informações oriundas da entrevista e de exames complementares
- Uma reavaliação do diagnóstico, das características pessoais, do funcionamento social e familiar
- A escolha de medicamentos segundo um planejamento terapêutico, às vezes junto com psicoterapia
- A confiança, compartilhada por médico, paciente e familiares, na realização de um trabalho conjunto
- Perseverança e... paciência!
Ainda assim, é impossível garantir que a primeira opção será
a definitiva. Às vezes, é necessária nova tentativa, ou mesmo a combinação de
medicamentos, buscando potencializar-lhes o efeito. Pensando nisso, costumo dizer ao paciente e
a seus familiares que a nossa luta contra a Depressão poderá ter vários rounds. Aí é que entra a paciência...
Paciência para esperar aquele tempo necessário, antes de pensar em interromper
um remédio e logo começar outro, no desespero. Hora de boa comunicação e
de confiança recíproca!
Veja neste blog:
Temas relacionados ao Transtorno Afetivo Bipolar poderão ser lidos nos seguintes posts:
TRANSTORNO BIPOLAR: A FAMÍLIA LIDANDO COM A CRISE
Sobre depressão, veja os posts:
Para saber mais sobre transtornos mentais e seus tratamentos, visite o blog:
www.neurybotega.blogspot.com.br
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Em outro conjunto de posts, há informações sobre como lidar com crises de pânico e insônia:
Três posts podem ser úteis para pessoas que tem o hábito de fumar:
TABAGISMO (1): NÃO CONSIGO PARAR DE FUMAR
TABAGISMO (2): HÁ REMÉDIO PARA PARAR DE FUMAR?
TABAGISMO (3): DICAS AO PARAR DE FUMAR
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