“Era um fim de semana tranqüilo, estava passeando no shopping... Então começou,
e foi aumentando, eu sem entender nada do que estava acontecendo comigo... Nunca
tinha sentido isso antes. O coração disparou, parecia que eu estava sumindo,
meu rosto foi adormecendo, me faltava o ar... Em poucos minutos eu senti que ia
perder o controle, tive a certeza de que iria morrer. A única coisa em que eu
pensava era ‘alguém me leve urgente para um hospital’!.”
A CRISE, O
PÂNICO...
A primeira crise pode acontecer em uma situação corriqueira,
num momento de tranqüilidade. Em crises subseqüentes, podem surgir novos
sintomas dentre os listados abaixo. Isso aumenta a “certeza” de que agora sim
algo muito grave deve estar ocorrendo.











Passa a haver uma vigilância extremada das sensações
corporais, no aguardo de sinais indicativos de uma nova crise. O tempo todo teme-se
nova crise (o “medo do medo”). Novas crises, novas correrias até médicos e
pronto-socorros, para ouvir uma acusação condenatória: “Seus exames estão normais, você não tem nada, é tudo coisa de sua cabeça!”.
Aí vêm a vergonha e a desmoralização, e a auto-estima costuma baixar muito.
As crises duram, geralmente, de 5 a 20 minutos e raramente
chegam a uma hora. Há casos de as crises parecerem “durar o dia todo”, num estado
de temor e de hiperativação. Esta, no caso, é do sistema nervoso autônomo (=
fora do controle, mesmo! Daí ser uma injustiça ficar se culpando por seu
desespero!). As crises podem ser inesperadas ou desencadeadas exclusivamente por
uma situação temida. Quandopassam a ocorrer com regularidade e frequência, faz-se
o diagnóstico de Transtorno do Pânico (TP).
Muitas Teorias, Poucas Conclusões
Inúmeras
teorias biológicas candidatam-se a
explicar o ataque de pânico, mas os estudos científicos têm produzido achados
controversos. São como peças interligadas de um quebra-cabeça que ainda não
conseguimos montar:





Pânico e respiração. A infusão de lactato de sódio é capaz de desencadear crises de pânico
apenas em indivíduos que sofrem de TP, e não em outras pessoas. O mesmo ocorre
quando se administra uma mistura de CO2 a 5% no ar ambiente. O aumento
de CO2 no tronco cerebral leva à hiperventilação, que causa
diminuição da circulação cerebral e, por conseguinte, tontura e sensação de irrealidade.
É por isso que o treinamento da respiração é importante no tratamento do TP.
Avelino R. Oliveira, 1995
Teorias psicológicas. De
20 a 50% das pessoas acometidas por TP tiveram, quando criança, ansiedade
excessiva diante de situações de separação, como por exemplo, fobia escolar. Em
alguns estudos populacionais, eventos traumáticos graves durante a infância e
atitudes parentais desfavoráveis associaram-se ao TP. É comum a primeira crise
de pânico relacionar-se a uma perda real ou ameaçada de um relacionamento significativo.
A teoria da aprendizagem demonstra que a ansiedade é condicionada pelo medo de
certos estímulos ambientais. Por exemplo, uma situação potencialmente fatal,
como uma derrapagem do automóvel, é ligada à experiência de aceleração dos
batimentos cardíacos e ansiedade (estímulo condicionado). Muito tempo depois,
uma atividade física que provoque taquicardia poderá desencadear a resposta
condicionada de ansiedade. A percepção dos batimentos cardíacos funcionará como
gatilho para uma crise.
Em pacientes em que o TP tem um componente predominantemente
biológico, a busca insistente por uma explicação psicológica (“psicologismo”),
bem como a responsabilização do sujeito pelos próprios sintomas (“São coisas que você fica imaginando, a melhora
só depende de você!”) são equivocadas e prejudiciais.
AGORAFOBIA
A agorafobia costuma se desenvolver em resposta aos ataques
de pânico. Inclui combinação variável de medo de sair de casa, medo de ficar
sozinho, medo de estar longe de casa, ou de se sentir preso e incapaz de obter
ajuda (geralmente médica) rapidamente. Há piora da aflição nas circunstâncias
em que fugir é mais difícil: ao usar transporte público (principalmente avião),
em ambientes cheios de gente, no elevador, ao ter de esperar em fila, ao viajar
para longe de casa.
BASES DO
TRATAMENTO
A evolução do TP é variável, com períodos de remissão e de
exacerbação. Um novo ataque pode demorar de meses a anos. Em números
aproximados, 30% das pessoas se recuperam, 50% permanecem minimamente
prejudicadas e 20% continuam agorafóbicas, mesmo após os ataques terem sido
bloqueados.
Os medicamentos (do grupo dos antidepressivos e dos benzodiazepínicos de alta potência)
geralmente bloqueiam a ocorrência de novas crises. Só que o tratamento do TP não
se resume ao uso de medicamentos. Se você quiser manter sua qualidade de vida
após ter passado por crises pânico, terá que batalhar e “fazer a sua parte” no
tratamento. Não aguarde passivamente que apenas os remédios darão conta:




Os medicamentos são ineficazes em caso de evitação agorafóbica pronunciada, a qual pode permanecer mesmo após o controle das crises. Por isso, enfrentar as situações temidas é imprescindível para a melhora.
A terapia
cognitivo-comportamental (TCC) tem como foco a evitação fóbica, mas também
é eficaz no controle das crises de pânico. Comprovou-se que a TCC é tão eficaz
quanto medicação usada isoladamente e que seus resultados se mantêm no longo
prazo (dez anos). Incluem-se nessa abordagem de psicoterapia: mudanças na
rigidez dos pensamentos catastróficos (por exemplo, procurando substituir o “Eu vou morrer com esse ataque cardíaco!”
para “Aí vêm os meus sintomas cardíacos querendo
me assustar... Bom dia!”), treinamento da respiração (para combater a
hiperventilação crônica das pessoas ansiosas), exposição aos sintomas físicos
(no caso, provocados intencionalmente ou imaginados), exposição às situações
temidas e treinamento de relaxamento. A TCC aumenta a chance de se continuar
bem quando da retirada do medicamento antipânico.
Em situações de conflito significativo em relação a perdas
ou separação, a psicoterapia de orientação psicanalítica é uma intervenção valiosa,
mesmo imprescindível para algumas pessoas. No entanto, por se alinhar menos do
que a TCC ao modelo médico, menos estudos testaram sua efetividade.
Clique em Respiração Diafragmática e em Relaxamento para obter mais informações.
Sobre depressão, veja os posts:
Veja neste blog:
Temas relacionados ao Transtorno Afetivo Bipolar poderão ser lidos nos seguintes posts:
Sobre depressão, veja os posts:
Em outro conjunto de posts, há informações sobre como lidar com crises de pânico e insônia:
Três posts podem ser úteis para pessoas que tem o hábito de fumar:
TABAGISMO (1): NÃO CONSIGO PARAR DE FUMAR
TABAGISMO (2): HÁ REMÉDIO PARA PARAR DE FUMAR?
TABAGISMO (3): DICAS AO PARAR DE FUMAR
TABAGISMO (1): NÃO CONSIGO PARAR DE FUMAR
TABAGISMO (2): HÁ REMÉDIO PARA PARAR DE FUMAR?
TABAGISMO (3): DICAS AO PARAR DE FUMAR
Para saber mais sobre transtornos mentais e seus tratamentos, visite o blog: