TRANSTORNO BIPOLAR: A FAMÍLIA LIDANDO COM A CRISE

O Transtorno Afetivo Bipolar envolve pelo menos três desafios: um diagnóstico às vezes camuflado sob um quadro clínico variável, a definição de uma estratégia terapêutica e a adesão ao tratamento. Aqui vamos tratar de um aspecto desse último desafio: como lidar com uma pessoa que passa por fase de aceleração do humor (chamada de mania ou hipomania, dependendo da gravidade). Nessa circunstância, a pessoa sente-se absolutamente bem e não costuma aceitar facilmente orientações.

TRANSTORNO DE PÂNICO E AGORAFOBIA

“Era um fim de semana tranqüilo, estava passeando no shopping... Então começou, e foi aumentando, eu sem entender nada do que estava acontecendo comigo... Nunca tinha sentido isso antes. O coração disparou, parecia que eu estava sumindo, meu rosto foi adormecendo, me faltava o ar... Em poucos minutos eu senti que ia perder o controle, tive a certeza de que iria morrer. A única coisa em que eu pensava era ‘alguém me leve urgente para um hospital’!.”
A CRISE, O PÂNICO...
A primeira crise pode acontecer em uma situação corriqueira, num momento de tranqüilidade. Em crises subseqüentes, podem surgir novos sintomas dentre os listados abaixo. Isso aumenta a “certeza” de que agora sim algo muito grave deve estar ocorrendo.

TRANSTORNO BIPOLAR: AS BASES DO TRATAMENTO

Às vezes é difícil aceitar o diagnóstico de Transtorno Bipolar (TB). O TB é uma doença crônica que se manifesta por períodos de agudização (recorrências) com instabilidade do humor. Em tempos de relativa calmaria ou de euforia, pode-se ter a impressão de que o problema foi “superado”, o que é uma forma disfarçada (e poderosa!) de... não aceitar a realidade da doença. Pode ser difícil, também, manter-se tomando medicamentos por longo tempo, enfrentando efeitos adversos, quando tudo parece estar bem. É quando dá vontade de “desafiar” o destino e, simplesmente, parar a medicação. Ou então (e isso também é arriscado!) tomá-la em menor dose.

TRANSTORNO BIPOLAR: O QUE É "DEPRESSÃO BIPOLAR"?






            “Já passei por três Depressões, mas o médico disse que eu sou bipolar...”
A expressão Depressão Bipolar não favorece uma idéia instantânea do que possa significar. Afinal, o que haveria de bipolar em um estado no qual se sente tão pra baixo, tão sem saída, sem ver graça nas coisas que antes faziam sentido em nossa vida? Neste texto, escrevemos Depressão com “D” maiúsculo para diferenciar a patologia do sentimento de tristeza, que todos sentimos em várias situações da vida. Sobre o quadro clínico da Depressão há um post específico neste blog.
Em Transtorno Bipolar: a questão do diagnóstico, enfatizamos como o diagnóstico de Transtorno Bipolar (TB) vem sendo aplicado a muitas pessoas que, antes, eram vistas como deprimidas e que, mais recentemente, passaram a ser diagnosticadas e medicadas como “bipolares”. Nesses casos, após considerar várias características do quadro clínico atual e do histórico do paciente, faz-se o diagnóstico de uma fase depressiva do Transtorno Bipolar. Daí chamar-se a Depressão de “bipolar”.



TRANSTORNO BIPOLAR: A QUESTÃO DO DIAGNÓSTICO

          
 “Fulano é assim mesmo, ele é meio bipolar...”
O termo “bipolar” já faz parte do vocabulário popular e, com isso, vai perdendo seu sentido psiquiátrico específico. Paralelamente, o diagnóstico de Transtorno Bipolar (TB) vem sendo aplicado a muitas pessoas que, antes, eram vistas como deprimidas e que, agora, passaram a ser medicadas como “bipolares”. Entre a banalização do termo e o quadro clássico de uma grave doença psiquiátrica, há falta de consenso entre médicos e pacientes. Será que há uma inflação do diagnóstico? Será que, na prática, algumas pessoas vivem melhor se tomarem  medicamentos estabilizadores do humor, em vez de antidepressivos?

INSÔNIA: VAMOS COMBINAR?

Sair do consultório médico com receita de um medicamento para dormir dá esperança de que o problema da insônia será resolvido. Que bom se isso de fato acontecer, pois precisamos dormir bem para o dia seguinte começar bem. Mas vale lembrar que um medicamento hipnótico é apenas parte de uma estratégia de tratamento! Não espere que ele, sozinho, resolva o problema! Afinal, depender de hipnóticos para poder dormir é a melhor perspectiva para o futuro?


Não basta a medicação. A dificuldade para dormir é condicionada por uma série de comportamentos que costumamos repetir toda noite.


MUDANÇA DE HÁBITOS

Os relatos a seguir são de pessoas que se queixaram de insônia durante a consulta. Todas pediram medicação para dormir. Que mudanças de comportamento poderiam ser sugeridas a elas?

DEPRESSÃO: LONGA E SEM MELHORA

Sofrer de uma Depressão prolongada, que não melhora após uso des vários medicamentos, é uma condição mais frequente do que gostaríamos. Um famoso estudo científico que incluiu o acompanhamento de 3.671 pacientes  (STAR-D, Sequenced Treatment Alternatives to Relieve Depression)demonstrou que, ao final de um ano, após a adoção de três a quatro esquemas sequenciais de tratamento, 30% continuavam deprimidos.

Pode-se considerar que uma Depressão é “resistente ao tratamento” quando não há melhora após o uso de duas classes diferentes de antidepressivos, utilizados em dose e tempo (4 a 6 semanas) adequados.

Formas crônicas de Depressão, com duração maior do que dois anos, tendem a ser mais resistentes ao tratamento. No entanto, antes de concluir que uma depressão é “resistente”, é preciso verificar se, na realidade, a falha terapêutica não decorreu da prescrição ou do uso inadequados da medicação. O diagnóstico errôneo ou incompleto também deve ser considerado na tentativa de explicar a cronicidade e falta de melhora.



RELAXAMENTO PROGRESSIVO

ATENÇÃO: Antes de iniciar os exercícios de relaxamento, é aconselhável conhecer e praticar um tipo de respiração mais profunda, conhecida como Respiração Diafragmática (<--- clique).
No Relaxamento Progressivo, desenvolvido por Edmund Jacobson, parte-se do relaxamento muscular, região por região, até se chegar a um estado de tranqüilidade mental e emocional. Aqui você encontrará um roteiro para praticar o Relaxamento Progressivo.


RESPIRAÇÃO DIAFRAGMÁTICA

Quando estamos ansiosos, acabamos respirando “errado”, ou seja, rápido e sem boa expansão do tórax. Essa respiração superficial, pouco eficiente, acarreta baixa oxigenação do cérebro e alterações do pH sanguíneo. Em conseqüência, sensações desagradáveis (às vezes alarmantes) começam a aparecer, como tontura, formigamento e aceleração do coração. O mal-estar costuma levar a mais preocupações com o que está ocorrendo, a mais ansiedade, podendo chegar a uma crise de pânico: “O que é isso que eu sinto...vou morrer?!”.

A respiração diafragmática pode ser o primeiro passo para diminuir o estresse e se acalmar, caso o mal-estar apareça.  Saiba mais sobre essa técnica anti-stress e encontre aqui um roteiro para praticá-la.

DISTIMIA: QUANDO O MAU HUMOR É DEPRESSÃO




Doutor, será que eu posso tomar esse remédio pra sempre? É que em 78 anos de vida, eu nunca me senti tão bem como nesses últimos meses. E não sou só eu que reparo, não. Os filhos também; estão contentes porque agora converso com eles, fico mais tempo na sala, brinco com os netos. Antes nada estava bom, o tempo todo remoendo os problemas, me isolava e não conversava, implicava com todo mundo... O remédio me deixou menos ranzinza, doutor...

Estava bem há quatro meses, após ter saído de uma grave Depressão que durara um ano. Esse senhor, sua família e seu psiquiatra estavam tão surpresos quanto intrigados. Ele estava vibrante, mais ativo. Agora participava da vida familiar, sentindo, enfim, prazer de estar vivo. Tudo isso sem exageros; não era o remédio deixando-o elétrico ou inadequadamente eufórico! Todos se perguntavam: será que a vida inteira ele tinha sido mal-humorado e irritadiço por causa de algum distúrbio na química cerebral, agora corrigido pela medicação?! 

DISTIMIA: SAIBA MAIS SOBRE O SIGNIFICADO DESTA PALAVRA E SOBRE UMA OPÇÃO DE TRATAMENTO PARA ESSE TIPO DE DEPRESSÃO.

DEPRESSÃO: TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

Em Depressão com “D” maiúsculo, vimos que a doença é de natureza distinta da tristeza ou do desânimo que todos sentimos em momentos da vida. Em Depressão: como a família pode ajudar, enfatizamos que a doença não se cura tão somente com força de vontade; há necessidade de um tratamento específico. Agui abordamos alguns aspectos práticos relacionados ao tratamento com medicamentos antidepressivos.

ANTIDEPRESSIVOS SÃO PERIGOSOS?

Quando os sintomas da Depressão não são intensos, quando são ligados (em sua origem ou manutenção) a situações de mudança, de perda recente ou de conflito, quando sua duração não é excessiva, recomenda-se a psicoterapia, dispensando-se o uso de medicamentos. Em casos mais graves, os antidepressivos são imprescindíveis. Se a Depressão ocorrer num contexto de fases/instabilidades de humor, será necessário um estabilizador de humor.

ALGUMAS DE SUAS DÚVIDAS EM RELAÇÃO AO TRATAMENTO COM ANTIDEPRESSIVOS PODEM SER ESCLARECIDAS AQUI.


DEPRESSÃO: COMO A FAMÍLIA PODE AJUDAR

DEPRESSÃO COM “D” MAIÚSCULO

A Depressão é de natureza distinta da tristeza ou do desânimo que sentimos em alguns momentos da vida. Por isso, o “D” maiúsculo, a lembrar que se trata de uma doença. Uma pesquisa, realizada na cidade de São Paulo, sorteou e avaliou cuidadosamente 1464 pessoas. Demonstrou-se que 17% já haviam tido Depressão (dito de outra forma, uma em cada seis). A Depressão acomete cada vez mais pessoas, mesmo as mais dinâmicas e as que sempre foram alegres e otimistas, com histórias e condições de vida as mais diversas. A hereditariedade tem um peso determinante, e vários membros de uma família podem ser acometidos.

FORÇA DE VONTADE NÃO CURA DEPRESSÃO

Quem nunca teve depressão, geralmente a imagina como uma tristeza que pode melhorar a partir do esforço pessoal. Com o intuito de ajudar, pode dizer algo do tipo:



"Você tem que se animar! Faça caminhadas, vá pra academia! Pensamento positivo! Foi assim que eu consegui me levantar quando estive pra baixo...”

Essa “convocação para a melhora” só complica as coisas. É um erro, não funciona na Depressão. 

ÀS VEZES A GENTE QUER AJUDAR E NÃO SABE O QUE FAZER... COMO LIDAR COM QUEM ESTÁ SOFRENDO DE DEPRESSÃO?

TRATAMENTO COM LÍTIO: MAIS RECOMENDAÇÕES

Em Tratamento com lítio: recomendações iniciais, enfatizamos que:


§  O tratamento com lítio é o mais aconselhado no tratamento do transtorno afetivo bipolar.
§   Litemias (dosagens da concentração de lítio no sangue) devem ser feitas periodicamente.
§  A coleta de sangue deve se dar 12 horas após a última ingestão de lítio.
§  A intoxicação podem ocorrer se houver desidratação por vômito, diarréia, ou febre.
§  Cuidado ao combinar lítio com certos medicamentos, como diuréticos ou antiinflamatórios.

PODE-SE TOMAR LÍTIO DURANTE A GRAVIDEZ? DEVO INTERROMPÊ-LO SE PRECISAR DE UMA CIRURGIA? POSSO TOMAR OUTROS REMÉDIOS JUNTOS?

TRATAMENTO COM LÍTIO: RECOMENDAÇÕES INICIAIS

O lítio foi aprovado como medicamento desde final da década de 1960. É a opção mais recomendada no tratamento do transtorno afetivo bipolar. Também pode ser útil em casos de impulsividade/agressividade e na potencialização de antidepressivos.

O carbonato de lítio é extraído de lagos secos da Argentina e do Chile. Duas formulações encontram-se    disponíveis: uma    com 300 mg por comprimido, outra come 450 mg CR ( controlled release) de liberação prolongada.

VOCÊ SABIA QUE, AO DOSAR O LÍTIO, O SANGUE TEM QUE SER COLETADO 12 HORAS APÓS TER TOMADO O MEDICAMENTO? E QUE, EMBORA SEGURO EM CONDIÇÕES USUAIS, O EXCESSO DE LÍTIO NO ORGANISMO É PERIGOSO?

DEPRESSÃO COM “D” MAIÚSCULO

O termo depressão tornou-se tão popular que já ganhou abreviatura: “...ultimamente ando meio deprê...”, indicando desânimo, tristeza.  Também denomina uma entidade clínica que, na Antiguidade, era chamada de melancholia. Assim, há dois significados para o mesmo termo. Só que depressão-doença é tão diferente de depressão-tristeza que aqui, quando nos referirmos ao primeiro significado usaremos o “D” maiúsculo: Depressão é uma doença que tem base biológica e hereditária.

COMO DISTINGUIR A DEPRESSÃO DAS TRISTEZAS QUE TODOS ENFRENTAMOS NA VIDA? QUANDO CONSULTAR UM MÉDICO?